chorei, me arrepiei e perdi a cabeça com um romance francês | Lie With Me, por Philippe Besson


Eu sinceramente não consigo organizar minhas ideias para começar a escrever sobre alguns livros específicos, e esse é um deles.


Tem algumas histórias que me paralisam e eu fico congelada à mercê dos flash das cenas, dos parágrafos profundos e da intensidade do que foi narrado, e aí eu só consigo enxergar a beleza e magia que é a escrita.


Esse livro me surpreendeu de várias maneiras, principalmente pelo fato de ser uma história curta, mas muito bem desenvolvida, sobre um breve romance secreto entre dois adolescentes bem diferentes.


Essa é a história do Philippe, um escritor famoso sendo entrevistado em um hotel em Bordeaux, uma cidade da França, quando vê um homem dolorosamente familiar passar. O tempo para, os pelos dos braço se eriçam e antes que ele possa processar o que está acontecendo, Philippe sente o choque de reconhecimento de primeiro amor, quando ele estava no último ano do ensino médio em 1984.


Não era ele, mas estava próximo o suficiente, separado por uma geração.


Nos anos 80, em uma cidade rural no interior da França, Philippe tem 17 anos e é estudioso, tímido, extremamente inteligente, e marcado como "diferente" por seus colegas de escola quando se apaixona por Thomas, um colega quieto, cheio de amigos, mas profundamente solitário e preso em sua própria cabeça.


Quando Philippe pergunta por que Thomas o escolheu, ele responde: "Porque você não é como todos os outros, porque não vejo ninguém além de você e você nem mesmo percebe isso. Porque você vai escapar, e o restante de nós continuaremos aqui".


“Why me?

He says: Because you are not like all the others, because I don't see anyone but you and you don't even realize it.

He adds this phrase, which for me is unforgettable: Because you will leave and we will stay.”


Fora de seus encontros, eles fingem não se conhecer e não fazem nenhum movimento para declarar seus sentimentos um pelo outro, apesar de ser claro para ambos. Como previsto, o ensino médio acaba e Philippe deixa sua pequena cidade francesa para fazer seu caminho no mundo, deixando Thomas para trás.


O livro é contado pelo Philippe do presente, que mescla o passado da sua vida com os anos que sucederam o breve e marcante caso de amor, e são nesses detalhes que eu percebi a profundidade do livro, apesar de ser curto (150 páginas).


"And when you've been hurt once, you're afraid to try again later, in dread of enduring the same pain. You avoid getting hurt in an attempt to avoid suffering: for years, this principle will serve as my holy sacrament. So many lost years."


Pela primeira vez de forma consciente, não é o romance em si que fez eu me apaixonar pela história, mas sim a aura depressiva de ambos os personagens diante do romance e o rumo que a vida de ambos tomou. Como um deles é engolido pelas emoções cruas, pela intensidade, e pelo desejo de um primeiro amor verdadeiro e o outro é sufocado pelo medo, vergonha, ódio, e incompreensão.


"I think I love him for this loneliness, that it's what pushed me toward him. I love his aloofness, his disengagement with the outside world. Such singularity moves me."


É bizarro ver o como esse relacionamento afetou o resto de suas vidas, a maneira como ele não quer nada mais do que o outro e não consegue suportar a ideia de estar separado. Como ele lamenta o fim desse relacionamento, e como a dor da falta difere de qualquer dor que já experimentou.


Philippe vai degustar desse encontro de corações e corpos pelo restante de sua vida, desabafando por meio de palavras e pseudônimos, diferentes cenários e gêneros, tentando dar continuidade e algo que ele nunca quis um fim, mas era inevitável.


"I discover that absence has a consistency, like the dark water of a river, like oil, some kind of sticky dirty liquid that you can struggle and perhaps drown in. It has a thickness like night, an indefinite space with no landmarks, nothing to bang against, where you search for a light, some small glimmer, something to hang on to and guide you. But absence is, first and foremost, silence. A vast, enveloping silence that weighs you down and puts you in a state where any unforeseeable, identifiable sound can make you jump."


O título ambíguo (deite-se comigo; minta comigo) resume muito bem sobre a essência da história, que eu descobri no último parágrafo ser uma ficção biográfica, que é muito comum entre escritores franceses, e isso me arrepiou inteira!

Phillipe e Thomas existiram! Não sei se isso me deixa feliz e animada ou um pouco mais triste, tendo em vista o plot e o final (que eu não vou falar, obviamente).


São histórias como essas que me fazem valorizar ainda mais cada gesto de amor, cada palavra escrita na tentativa de fazer outras pessoas entenderem a complexidade de um sentimento que te parece tão único, como se ninguém jamais pudesse sentir o gosto daquilo.


"That singular moment. The pure urgency of it. There were circumstances—a series of coincidences and simultaneous desire. There was something in the atmosphere, something in the time and place, that brought us together."


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Lembrando que o livro só foi traduzido para inglês, por enquanto.


 


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