o mundo e O Ceifador | Neal Shusterman

Primeiro mandamento: matarás.

 

Segundo mandamento: lerás esse livro, custe o que custar.

O Ceifador foi minha escolha para a categoria de “fantasia escrita por um autor negro”, na Maratona Literária de Inverno 2020, (sim, eu sei, já passou faz tempo, mas seguimos aqui), e, honestamente...

 

Eu não poderia ter feito uma escolha melhor.

Nesse livro, a humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria… Até mesmo a morte. Agora, os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade.

Parece sinistro e um pouco absurdo, né? E se eu te disser que eles escolhiam míseros adolescentes para serem seus aprendizes?

Foi isso o que aconteceu com Citra e Rowan: ambos foram escolhidos para um papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os dois precisam dominar a "arte" da coleta, ou seja, precisam aprender a matar.

Porém, se falharem em sua missão, ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.

Mesmo que pareça algo muito complexo ou confuso, prometo para você que a leitura é incrivelmente fluida e fácil de acompanhar, como uma boa e intrigante fantasia YA deveria ser.

Só não espere que seja uma história totalmente leve, porque ela tem muito mais a oferecer do que você imagina.

O comportamento humano é uma coisa absurda e aqui vemos muito sobre essa reflexão, constantemente, tanto na Era da Mortalidade (que é o mundo em que vivemos), quanto no mundo supostamente perfeito controlado pela Ceifa e pela Nimbo-Cúmulo.

Quando não se precisa de nada, o que mais a vida pode ser além de agradável?

Pra mim, muito além de se limitar a todas as críticas à nossa sociedade, esse livro é uma clara representação de como as pessoas são completamente diferentes umas das outras.

Como, mesmo os Ceifadores tendo que seguir os mandamentos, eles podem ser distorcidos e interpretados de tantos jeitos diferentes, e, no fim das contas, o que é moralmente correto sempre vai ser subjetivo.

Onde há poder, sempre há aqueles que descobrem formas de tomá-lo.

Amei absolutamente TUDO nesse livro. O universo, os personagens, as mensagens subliminares que mais funcionam como um tapa na nossa cara do que qualquer outra coisa.

Esse é um mundo extremamente detalhado e interessante, com forte crítica social de fácil entendimento e que te prende até o último segundo.

Personagens debochados e perdidos são TUDO pra mim, por isso amei acompanhar os questionamentos e desenvolvimento de todos eles.

As conversas inteligentes e a confiança mútua cultivadas entre Citra e Rowan ao longo do processo são espetaculares. Mesmo quando nos afastamos de uma pessoa, nossa intuição ainda pode estar certa em querer oferecer o benefício da dúvida, e a relação entre eles deixa isso mais do que claro.

Estou muito curiosa para saber o que acontece em seguida. E, pra minha sorte, ainda tenho mais 2 livros para acompanhar esse mundo.

      

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