muito além de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo | Taylor Jenkins Reid

 

Cínica, mandona, ligeiramente imoral e profundamente humana, Evelyn Hugo conquistou o meu coração por completo. E tem muita coisa a dizer. 

Depois de ter lido (e me apaixonado) pelo trabalho da Taylor Jenkins Reid no livro Daisy Jones & The Six, estava mais do que na hora de eu passar pela experiência de ler o aclamadíssimo Os Sete Maridos de Evelyn Hugo.

E eu não poderia ter gostado mais nem se quisesse.

Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes - seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido... pela sétima vez. 

Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história - ou sua "verdadeira história" -, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso - e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.

Preciso deixar uma coisa bem clara aqui: Evelyn Hugo não se arrepende de suas ações, e faria muito pior se precisasse. 

Isso não significa que ela não reconheça o quanto já foi problemática, e o quanto suas ações machucaram as pessoas que amava. Esse foi, inclusive, seu único arrependimento ao longo da vida. 

Evelyn é, acima de tudo, uma mulher que sempre entendeu como o mundo funcionava e fazia o que fosse necessário para conseguir o que queria. É aí que entra um pouco da parte “imoral”, porque muitas das suas atitudes, vistas de fora, não fariam o menor sentido. 

Mas o modo como ela trata sua história, como enxergamos detalhe por detalhe de sua linha de raciocínio e escolhas, tudo passa a fazer o maior sentido do mundo.

É como se ela estivesse, de uma forma muito sutil, manipulando seus leitores, assim como as pessoas ao seu redor. A energia vibrante e palpável com que ela foi descrita também é percebida por nós a cada página virada. 

É impressionante o quanto a autora é capaz de nos fazer acreditar que ela (e todos os outros personagens) realmente existiram. Cada detalhe bem pensado sobre os filmes que ela protagonizou, sua aparência, seu modo de vestir, os trechos de revistas de fofoca colocados no meio da narrativa... chega a ser absurdo pensar que uma única pessoa foi capaz de criar todo esse universo extenso, cru e real. 

Essa é uma história com personagens incríveis, carregada de assuntos extremamente delicados e importantes, que foram tratados ao mesmo tempo com sutileza e seriedade. Mesmo sendo algo desconfortável, não foi chocante de uma maneira negativa, mas sim reflexiva. Achei uma abordagem muito inteligente!

Também é uma narrativa sobre os sacrifícios que fazemos pelo amor, em todas as suas formas, o perigo dos segredos e como nossa energia e atitudes podem impactar as pessoas ao nosso redor, tanto positiva quanto negativamente. 

Acima de tudo, é um belo tapa na cara sobre nosso mundo, que não te entregará nada de mão beijada, e às vezes você precisa aprender a ter a força de vontade para ir atrás do que deseja. 

Não quero entregar maiores detalhes, porque essa foi uma das minhas experiências de leitura mais emocionantes dos últimos anos.

Você vai ficar indignado, inspirado, e se emocionar a ponto de derramar algumas (muitas) lágrimas. Todos merecem passar por esse turbilhão de emoções que só uma pessoa como Evelyn poderia proporcionar.