A Febre | Megan Abott

Se você se interessa por livros de suspense agoniantes, do tipo que demora para você conseguir entender o que diabos está acontecendo, aqui vai uma boa recomendação para acrescentar à sua lista de leituras. 
Não sou muito acostumada a ler livros de suspense, apesar de me interessar cada vez mais pelo gênero e ficar quebrando a cabeça tentando decifrar o que vai acontecer em seguida. No caso dessa história, a pergunta certa seria com quem vai acontecer em seguida, e por quê? 

Além dessas, as minhas perguntas básicas foram: 

Será que é a vacina? 

Alguém andou envenenando as meninas? 

O quê o lago brilhante tem de tão perturbador? 

O. Que. Está. Acontecendo? 

Deenie e Lise são melhores amigas, junto de Gabby, completando o Trio Ternura. Como toda amizade de infância, as menininhas eram inseparáveis até que começaram a crescer e amadurecer - então começam a se interessar por garotos, ter amizade com outras garotas (que as amigas talvez não aprovem), explorar sua sexualidade e manter segredos que futuramente serão revelados. 

Tudo parecia normal até o dia em que o mundo decidiu virar de cabeça para baixo. 

Lise teve um surto que a levou para o hospital, completamente fora de si, levando embora a garotinha animada e cheia de vida que era antes. 

Depois dela, outras garotas começaram a ter surtos cada vez mais inexplicáveis: a segunda foi Gabby, deixando Deenie completamente desconcertada e cada vez mais incomodada com toda a situação. Quais as chances de que suas únicas amigas começavam a se afetar tão misteriosamente? 

A história vai se alternando entre os pontos de vista dos integrantes da família Nash: Deenie e Eli, filhos do professor de química do colégio em que estudam, Tom, um homem que carrega muito amor pelos filhos e melancolia pela mulher que os abandonara na cidade tão diferente que Dryden se mostrou ser. (A típica cidade pequena e misteriosa dos livros, onde ninguém é o que parece ser e tudo é meio sinistro). 

Os capítulos não são muito longos e os próprios pontos de vista dos personagens são curtos o suficiente para que a leitura seja fluída, simples e rápida. 

Apesar de ser uma história retratando muita agonia, incertezas e um quê de malícia, Megan Abott usa e abusa de uma escrita que é muito fácil de compreender, criando personagens complexos que sobreviveram, em sua maioria, a certos traumas que até então não mostravam sinais de terem os abandonado. 

O livro mostra alguns bons sinais de relacionamentos abusivos, ansiedade e depressão, de maneira mais "simples" mas ainda assim impactante (como deveria ser).  Apesar de não se aprofundar tanto nesses quesitos, acho interessante o pouco que tenha sido mostrado, para acrescentar a todo o mistério da história. 

Particularmente gostei muito da escolha da capa - é intrigante e faz muito jus à trama, assim como o título, - e estranhei um pouco o tamanho da fonte. As letras são bem mais miúdas do que estou acostumada, mas depois de um tempo isso deixa de ser um problema. (Não era exatamente um problema, mas tudo bem, acho que você deu para entender). 

Embora eu deva admitir que esperava uma resposta mais definitiva para todas as perguntas, no final das contas, o livro mostra que não importa o quanto achamos que conhecemos uma pessoa, podemos estar enganados. 

Megan mostra que, embora tentemos a todo custo encontrar respostas para todas as nossas perguntas, a vida simplesmente não funciona dessa maneira o tempo todo. 

Todos nós podemos mudar e todos nós carregamos nossos próprios pecados, escondidos por baixo de toda a nossa pele, como uma febre que se estabalece e demora a passar.